A iniciativa de estabelecer uma sistemática de autoavaliação nos PPG da UFRPE, tomando como parâmetro a avaliação multidimensional da CAPES, traz, em seus resultados obtidos, elementos essenciais que permitirão a elaboração de propostas de melhoria da qualidade, ratificando o esforço realizado pela UFRPE para a formação de recursos humanos de alto nível, tais como: a) investimentos para a melhoria de alguns aspectos da infraestrutura; b) ampliação da qualidade das teses e dissertações; c) valorização de trabalhos de conclusão que produzam patentes e produtos que farão a diferença no desenvolvimento científico e tecnológico, bem como em outros instrumentos tecnológicos; d) valorização da produção intelectual dos discentes em revistas científicas de alto fator de impacto; e) valorização da produção intelectual dos discentes na produção de livros técnicos; f) transformação do conhecimento científico em produtos técnicos, com vistas ao desenvolvimento tecnológico do estado, região e país; g) motivação para a participação efetiva dos discentes e dos docentes na internacionalização dos seus programas; h) ampliação de pesquisas de natureza tecnológica, que possibilite a inserção social e a interação público/privado dos Programas de Pós-Graduação; i) criação de politicas de incentivo à captação de recursos para pesquisa; j) incentivo aos docentes para a captação de recursos externos, visando o financiamento das pesquisas.

Como parte do planejamento estratégico do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PROGEL) desta universidade, este texto debruça-se a topicalizar dados acerca das práticas de autoavaliação previstas pela Comissão de Planejamento e Autoavaliação (CPA) do referido Programa. 

A partir do movimento gerencial previsto como PDCA pela gestão de planejamento de nossa instituição – a saber: planejar, desenvolver, checar e agir –, apresentamos aqui um plano de autoavaliação, tanto alinhado com o autoconhecimento do desenvolvimento do programa, quanto com as tomadas de decisão que ele dará em frente às demandas da área de Linguística e Literatura. Este plano, portanto, busca promover a organização de quatro movimentos: (1) autoanálise de nossa identidade organizacional como programa de pesquisa e aprimoramento de formação docente no campo dos estudos sobre linguagem; (2) autocrítica a partir de uma investigação sobre a  análise ambiental (onde e como estamos) dos processos científicos que viabilizamos na formação discente do âmbito de nosso programa; (3) autoinvestigação no que tange aos nossos objetivos estratégicos – aonde podemos chegar – tomando como ponto de partida o potencial pedagógico e científico que o programa possui por meio de seu corpo docente; (4) autodirecionamento na constituição de um programa de ações condizente para que possamos identificar se estamos seguindo os caminhos mais profícuos de formação de um público que pode colaborar para a transformação de cenários ainda improficientes em relação ao desenvolvimento da educação linguística e da praxeologia científica em linguagem.

A seguir, dividiremos este tópico em descrições sobre estas quatro dimensões citadas, com vistas a – de acordo com o que orienta nosso documento de área – possibilitar ferramentas de observação sobre nossa jornada como programa de pós-graduação comprometido com as bases do que preconizam as políticas educacionais em linguagem de nosso país.

 

1 Autoanálise da identidade organizacional do PROGEL

A identidade do PROGEL, desde sua política fundamental, segue as diretrizes da área para a valorização da interdisciplinaridade e da indisciplinaridade (conceito formulado na Linguística Aplicada para proposição de uma nova epistemologia metodológica nos estudos da linguagem), que se refere exatamente ao rompimento das fronteiras coloniais entre os campos de conhecimento tradicionalmente instituídos pelas políticas convencionais. Nesse tocante, o PROGEL visa a realizar uma formação em nível de Pós-Graduação stricto sensu de profissionais dos estudos de linguagem que intervenham na dinâmica social como um todo, não apartando a linguagem das diferentes dimensões da vida. Soma-se a essa característica a vocação do PROGEL também para a valorização das culturas periféricas do sul global, da região Nordeste de nosso país e das áreas menos abastadas de valorização e emprego de incentivo (preocupação da área para conferir maior desenvolvimento de pesquisa e acesso aos muitos rincões do Brasil). Desse modo, as problemáticas apresentadas pelo Programa estão sempre alinhadas com a preocupação de unir esforços para o trabalho coletivo de abordagens distintas da ciência e para o compromisso com as justiças participativa e distributiva de nossa sociedade.

No que concerne a uma autoanálise do primeiro traço, será preciso verificar em que medida o Programa está cumprindo seu papel de conjugar conhecimento de caráter inter e indisciplinar e que operações estão sendo realizadas para pôr em prática tal demanda. Faz-se importante que vejamos como os grupos de pesquisa, o corpo docente e as pesquisas de estudantes têm viabilizado esse valor para a identidade organizacional do Programa. Já em relação ao segundo ponto deste tópico, será relevante perceber que redes de interação estão sendo tecidas com grupos culturais, étnicos e sociais de diferentes conglomerados populacionais, sobretudo de áreas interioranas do estado de Pernambuco, de locais minorizados socioeconomicamente da região Nordeste e de territórios periféricos da grande Recife, a fim de dialogar com grupos institucionalizados (outras universidades, diferentes Programas de Pós-Graduação e distintas instituições escolares) ou não institucionalizados (coletivos artísticos, movimentos sociais, articulações civis como um todo) das localizações mencionadas.

Um instrumento útil na proposição para tal autoanálise está engendrado ao Congresso Nacional em Estudos Interdisciplinares da Linguagem, Coneil, produzido pelo PROGEL anualmente e que teve a sua primeira edição em 2020. Tal evento, além de congregar a comunidade científica da área, busca ser um exercício de socialização de ações de pesquisa dos grupos do PROGEL. Após a realização deste evento, esta CPA, munida de um relatório sobre temas, participantes e estudos atuantes nas edições do evento, pode localizar tanto o estado das práticas de interdisciplinaridade quanto da valorização de intercâmbio com diferentes regiões e pessoas de áreas subalternizadas. Sendo assim, projetamos esse relatório – concluído em até dois meses após o evento – como um mecanismo eficaz da referida autoanálise e, assim, uma ferramenta para obtermos a visão de como o Programa se encaminha no quesito em tela deste tópico. A estruturação desse relatório, seus critérios de verificação, dissertação e o regime para sua socialização em reunião plenária do Programa ficariam a cargo desta CPA.

 

2 Autocrítica para a análise ambiental do PROGEL

Saber onde estamos e como estamos caminhando é o postulado de uma análise ambiental, segundo o texto paramétrico da nossa universidade para os nossos planos estratégicos de desenvolvimento dos Programas de Pós-Graduação. O PROGEL, programa surgido recentemente, já nasce com a sensibilidade de instaurar essa autocrítica. Por isso, como parte de nossa autoavaliação e também em comunhão com o que prescreve a área, vamos proceder a essa observação, a fim de conhecer tanto quantitativamente quanto qualitativamente o andamento de nosso Programa.

Para a CAPES, a internacionalização do conhecimento e a difusão das pesquisas em diferentes modos de popularização e diálogo com pares são motes essenciais para o crescimento de um Programa. No que se refere à internacionalização, o PROGEL já conta com uma comissão responsável pela viabilidade de acordos internacionais e de incentivo a interações com outros países. Entretanto, é parte do processo de avaliação de um Programa instaurar um olhar sobre como vem se dando amiúde as diversas práticas internacionais propostas por docentes e discentes, assim como aquelas recebidas pelo Programa. Este seria um dos núcleos que priorizamos para a autocrítica de uma análise ambiental. O segundo se refere às políticas de socialização das pesquisas do Programa (de docentes e estudantes). Intentamos, com este, propiciar a verificação de como estamos nos esforçando para estabelecer distintas maneiras de dar a conhecer o que o Programa vem desenvolvendo e que diálogos temos empreendido com as muitas esferas sociais para tratarmos da aplicabilidade de nossos estudos.

Como instrumento para examinar quanti-qualitativamente essas duas demandas que identificam parte de nosso status junto à área, propomos a aplicação anual de um questionário minucioso, por meio do qual obteremos todos os dados de que necessitamos para essa autocrítica quanto à internacionalização e à divulgação científica. O formato, a distribuição e a propagação dos resultados desse questionário ficariam sob responsabilidade desta CPA e em diligência, quando for o caso, com a comissão de internacionalização. O objetivo final é apresentar as respostas em reunião plenária e deliberar, com o pleno docente, ações que possam modificar as arestas que estejam prejudicando o desempenho do Programa.

 

3 Autoinvestigação de objetivos estratégicos do PROGEL

Como objetivos estratégicos, entendemos os nossos planos em construir um Programa produtivo, humanista e comprometido com a mudança social. Sob esse horizonte, estamos nesta CPA para promover tanto o cumprimento de critérios de avaliação em larga escala da área na CAPES quanto à avaliação interna em respeito aos paradigmas de como compreendemos a função de um Programa de Pós-Graduação stricto sensu numa universidade pública.

Conforme indica a nossa área de Linguística e Literatura, os corpos docente e discente precisam estar em permanentes atividades de extensão, que, para além da socialização de seus estudos em publicações escritas ou em apresentações de eventos, também envolvem atuação como ministrantes de cursos, pareceristas de livros e trabalhos em eventos, integrantes de bancas avaliadoras, entre outras práticas. Todas essas atividades, que compõem o conjunto de condutas acadêmicas devem ser incentivadas por um Programa de Pós-Graduação a sua comunidade. Logo, cabe ao Programa acompanhar como estão atuando as pessoas ingressas e egressas em relação a essas ações.

Para uma autoinvestigação de tais objetivos, a CPA propôs, a cada dois anos, fazer um levantamento das práticas acadêmicas de docentes no último biênio e discentes vigentes no Programa, realizado por meio de um formulário compartilhado na web (provavelmente pelo aplicativo Google), por meio do qual serão registrados campos para que cada pessoa possa preencher com os dados de diferentes atividades a serem avaliadas, de acordo com os postulados da CAPES. Para examinar a produção de estudantes egressos do Programa, este levantamento será feito em parceria com a secretaria do curso e com a já instituída Comissão para Acompanhamento de Egressos, ao solicitar que encaminhem para tais discentes um questionário com perguntas sobre os tópicos a serem investigados com as outras pessoas. Os resultados globais serão tabulados por esta comissão e levados à reunião plenária para fundamentar uma avaliação voltada ao perfil do egresso do Programa, o que permitirá vislumbrar que medidas deverão ser adotadas para alcançar os objetivos estabelecidos. É uma espécie de diagnose para traçar modos efetivos de atuação no futuro – onde queremos avançar e o que queremos restringir.

 

4 Autodirecionamento de ações do PROGEL

Um passo pertinente em um processo de autoavaliação é o de decisões a tomar. O resultado das etapas descritas nas subseções anteriores é o estopim para ações deliberativas, como deixamos entrever. Sendo assim e considerando as políticas de horizontalidade de gestão que o PROGEL empreende, uma atividade interessante para pensarmos coletivamente o que podemos fazer como ação concreta resultante dos empreendimentos avaliativos que citamos é um seminário de autoavaliação.

A ideia é que esse evento seja anual e aconteça com o intuito de que cada docente e uma representação discente apresentem propostas de otimização de processos e ampliação para o Programa. Esse olhar plural e localizado de cada pessoa, com a intenção de reunir forças para enriquecer o Programa, será um modo não somente de proclamação do que está sendo bem encaminhado, como ainda do que pode ser redesenhado para alcançarmos a excelência a que aspiramos.

Esse engajamento que parte do diagnóstico para a ação transformadora é um trajeto funcional e muito potente. Esperamos edificar um bom caminho para um futuro de sucesso na área e de grande desenvolvimento à comunidade acadêmica e à sociedade como um todo.